segunda-feira, 3 de maio de 2010

Na Centina

O futebol em toda cidade, é marcado pelas gerações de boleiros que nunca deixam a bola cair. ou seja não deixam morrer o esporte que é praticado em todos os cantos de nosso país. Entra ano, sai ano e as histórias vão sendo escritas por esses valorosos guerreiros. Histórias engraçadas, curiosas e pitorescas como essa, que é rara mas acontece...


Nos anos 80 na cidade de Miracema, surgia uma geração de jovens talentosos, que enriqueceria a história esportiva da região. Várias páginas desse livro foram escritas no decorrer dos anos. Eram diversas competições intermunicipais e regionais, com destaques para o T.I.N. - Torneio Integração do Norte, equivalente ao campeonato estadual de hoje e para o torneio Pará-Goiás, que reunia as equipes do norte goiano e sul paraense.

Foram muitas viagens geralmente em carrocerias de caminhonetas ou caminhões. O sofrimento era grande mas, o amor pelo futebol e o prazer de defender as cores da camisa e o nome da cidade, nos davam condições de reunir forças para superar situações quase intransponíveis.

Em uma dessas viagens a delegação heróica composta por João Alberto, Salvador, Tião, Rosacild, Rainel, Carlitinho, Bertrand, Benhur, eu e muitos outros, sob o comando de Dorabel de Souza, viveu uma verdadeira aventura.

Saímos de Miracema numa sexta feira, com destino a Redenção no estado do Pará. O compromisso era jogar no sábado contra a seleção da cidade e no domingo já de volta, jogar em Conceição do Araguaia. O transporte era um caminhãozinho coberto com uma lona, tipo verdureiro. A rodovia só tinha asfalto até Guaraí. Daí em diante começava um grande rally, principalmente de Conceição a Redenção. Os atoleiros faziam formar enormes filas de caminhões madeireiros. Nós só conseguíamos passar, graças à perícia de nosso motorista Oscar Dias. Depois de 15 horas de viagem chegamos a Redenção. apesar do cansaço, em campo veio a superação e vencemos o jogo por 1 a 0.

De volta a Conceição do Araguaia, o desgaste físico era visível, mesmo assim fomos para o sacrifício contra o Santos Futebol Clube, campeão local. Na época o estádio da cidade chamado “Carecão,” era pura areia. Fator que dificultou mais ainda a nossa resistência e o organismo pedia arrego.

O caso mais sério e até curioso, foi do nosso amigo Rainel Barbosa (hoje político do nosso estado). Devido aos atrasos na viagem as refeições acabavam sendo feitas fora de hora e isso acabou causando alguns distúrbios intestinais.

Durante o jogo contra o Santos, uma partida dura, com muita correria, o nosso grande médio volante fazia uma bela partida. De repente lhe atacou uma senhora dor de barriga. Ele chamou o Dorabel e pediu para sair. O treinador não entendeu, pois ele estava bem no jogo e não era daqueles que gostava de sair. E foi deixando o jogo correr. Quando de repente um chutão do zagueiro botou a bola pra fora do muro. Rainel não perdeu tempo, pulou o muro e foi atrás. Devolveu a bola e ficou por lá. Minutos depois ele retornou aliviado, querendo entrar novamente, só que o técnico já havia colocado outro jogador em seu lugar.

Nós não ganhamos a partida mas o nosso querido amigo entrou para a história como o único jogador que cumpriu o famoso pedido que a torcida sempre faz quando o atleta está mal no jogo.

  • PEDE PRA C* E SAI”

Essa e muitas outras histórias estão guardadas na parede da memória de cada um desses valorosos cidadãos. Que contribuíram para o desenvolvimento do futebol da região, e porque não dizer do Estado do Tocantins.