Quando Cabral chegou ao Brasil, encontrou indios. Logo, os nativos são os primeiros habitantes desse grande país tropical. Por isso em qualquer canto de nossa pátria amada, é comum se ouvir histórias da nação indígena. No Tocantins não seria diferente, principalmente pela contidade de etinias que vivem por aqui. E o futebol também tem sua página escrita na história.
Empolgado com a rápida evolução dos índios, o idealizador do projeto “Futebol na Aldeia”, resolveu testar as habilidades de seus atletas e o poder da equipe. Chamou o time de Miracema para uma partida amistosa na própria aldeia. Meio receosos aceitamos o convite e partimos para o desafio. Literalmente embarcamos rumo à reserva, já que o transporte era um barco a motor chamado de “paco-paco”. Descemos o Rio Tocantins deslumbrados com as belezas naturais que surgiam a cada momento. Depois de algumas horas de navegação chegamos ao destino. Na beira do rio toda a população da aldeia nos esperava. De longe parecia cena daqueles velhos filmes de faroeste em que o mocinho se depara com um bando de guerreiros preste a atacar.
Meio desconfiados subimos a rampa cercados pela a multidão e ouvindo eles conversar sem entender uma palavra. Sem perda de tempo fomos direto para o campo de jogo. A bola rolou e nosso time ficou encurralado, parecia que eles tinham mais de cinquenta jogadores. Quando a gente dominava a bola aparecia de três a quatro marcadores e na maior gritaria. Depois de algum tempo nessa batalha, foi que fomos perceber que eles não guardavam posições, onde a bola estava eles se amontoavam. Passamos então a ocupar os espaços vazios e tocar a bola logo os gols foram saindo. No final dos 90 minutos o placar assinalava 17 a zero.
Final do jogo fomos logo nos preparando para retornar à Miracema. Cercados por toda a nação xerente enquanto tirávamos as chuteiras para podermos embarcar, fomos surpreendidos pela chegada de um velho cacique. De borduna(arma indígena) na mão , ensaiando uns estranhos passos de dança, de repente ele parou, levantou a cabeça, olhou dentro dos olhos de cada um, suspirou fundo e com um bom sotaque indígena mandou seu comentário sobre o jogo.
“Jogô só um pouquim e foi esse tanto de gôlo, se jogá o dia todo vai ser mais de mile...eh! eh! eh!...
Na hora caímos na gargalhada com ele, mas não entendemos nada. Só depois descobrimos porque ele teceu este comentário. É que o costume deles era começar a jogar de manhã, só parar para almoçar e voltava pra pelada até escurecer. O pior é que na maioria das vezes o placar não saía do zero a zero.
Mas o projeto do nosso amigo Toinho, valeu a pena. No final da década a equipe chegou a jogar no Estádio Serra Dourada em Goiânia, contra a equipe escrete de ouro dos cronistas esportivos de Goiás. E com a criação do Estado do Tocantins e a profissionalização do futebol, é comum ver um índio disputando o Campeonato Tocantinense de Futebol.