segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Cartão Vermelho

Figura inusitada. Um tipo de pessoa que todo mundo quer por perto. Pois tudo que eles fazem tem uma pitada de humor e deixa o ambiente sempre em alto astral. Essa história é de um desses personagens que só engrandece a cultura popular tocantinense...

No dia 02 de outubro de 1962 em Araguatins, maior cidade do “bico do papagaio”, nascia um garoto que com certeza entraria para a história. José Sídney Madalena Marques. Só pelo nome nota-se que se tratava de uma figura inusitada. De família simples e tradicional, o menino cresceu à beira do rio Araguaia curtindo as praias do “Meio” e “São Bento”. Apenas duas modalidades esportivas estiveram presente em sua infância, a pescaria e o futebol. Como sua habilidade com a bola não era das maiores a arte de pescar acabou sendo a mais praticada.

O menino peralta cresceu, serviu o exército e procurou uma profissão. Acabou ingressando na telecomunicação aprendeu a filmar, editar e dirigir...um profissional completo. Com a criação do Estado do Tocantins, Sidney Madalena (nome adotado em suas assinaturas) passou a ser peça fundamental dentro da comunicação. Foi o primeiro cinegrafista, o primeiro editor e primeiro diretor de operações. Montou a primeira câmera ainda em Miracema e estava na linha de frente na instalação da Comunicatins(hoje redesat).

Em 1989, início de tudo, quando todo mundo dava sua contribuição para a consolidação do Estado, acontecia alguns fatos curiosos. Por exemplo, havia um deputado folclórico e tudo dele tinha uma pitada de humor. Sua assessoria era tão grande que em seu gabinete tinha um time de futebol. Certo dia o “time do Deputado” como era conhecido, foi jogar em Lajeado. Como o balneário era válvula de escape de todo mundo nos fins de semana, a imprensa também estava por lá. Na hora de começar a partida não tinha quem apitasse e alguém foi logo dando a idéia:

  • Bota o cinegrafista pra apitar!..

    E assim fizeram e lá estava Sidney Madalena de apito na boca.

A bola rolou e começaram os problemas. A cada jogada uma enchorrada de reclamações:

  • Foi falta seu juiz!...

  • A bola saiu professor!...

  • Isso não é pirulito não!..é para assoprar!...

A chiação era tanto que ele resolveu fazer alguma coisa. Numa jogada na área o atacante acabou no chão e o juiz não teve dúvida, pênalti...o tumulto foi armado. Reclamação, empurra-empurra e depois de muito disse me disse, a cobrança foi efetuada. O jogo seguiu com pressão total em cima do árbitro e na primeira jogada do outro lado ele tratou logo de compensar o erro. Inventou um daqueles pênaltis absurdo e mandou pra marca da cal. Novo tumulto e dessa vez ele quase apanhou. Cobrança feita, 1 a 1 no placar, o jogo seguia, o árbitro agoniado sem saber o que fazer, quando de repente apareceu uma viatura da PM que fazia ronda por ali. Era o que ele precisava...não perdeu tempo, parou o jogo na hora. Os jogadores todos irritados foram logo questionando:

  • O que foi agora seu juiz?...

E ele já caminhando pro lado da RP, respondeu:

  • Eu estou me expulsando!...cartão vermelho pra mim!...

E antes que alguém resolvesse lhe fazer um carinho, correu pro meio dos policiais. Dizem que até hoje ele não passa nem perto de um campo de futebol e os amigos para tirar um sarro estão sempre perguntando:

  • Sidney quer apito?...

Sidney Madalena hoje é uma das pessoas mais importante dentro da área de produção audiovisual. Tem seu nome reconhecido pelos companheiros e deu sua valorosa contribuição para a história do Estado e principalmente da capital Palmas.


Valeu companheiro!...

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Na Centina

O futebol em toda cidade, é marcado pelas gerações de boleiros que nunca deixam a bola cair. ou seja não deixam morrer o esporte que é praticado em todos os cantos de nosso país. Entra ano, sai ano e as histórias vão sendo escritas por esses valorosos guerreiros. Histórias engraçadas, curiosas e pitorescas como essa, que é rara mas acontece...


Nos anos 80 na cidade de Miracema, surgia uma geração de jovens talentosos, que enriqueceria a história esportiva da região. Várias páginas desse livro foram escritas no decorrer dos anos. Eram diversas competições intermunicipais e regionais, com destaques para o T.I.N. - Torneio Integração do Norte, equivalente ao campeonato estadual de hoje e para o torneio Pará-Goiás, que reunia as equipes do norte goiano e sul paraense.

Foram muitas viagens geralmente em carrocerias de caminhonetas ou caminhões. O sofrimento era grande mas, o amor pelo futebol e o prazer de defender as cores da camisa e o nome da cidade, nos davam condições de reunir forças para superar situações quase intransponíveis.

Em uma dessas viagens a delegação heróica composta por João Alberto, Salvador, Tião, Rosacild, Rainel, Carlitinho, Bertrand, Benhur, eu e muitos outros, sob o comando de Dorabel de Souza, viveu uma verdadeira aventura.

Saímos de Miracema numa sexta feira, com destino a Redenção no estado do Pará. O compromisso era jogar no sábado contra a seleção da cidade e no domingo já de volta, jogar em Conceição do Araguaia. O transporte era um caminhãozinho coberto com uma lona, tipo verdureiro. A rodovia só tinha asfalto até Guaraí. Daí em diante começava um grande rally, principalmente de Conceição a Redenção. Os atoleiros faziam formar enormes filas de caminhões madeireiros. Nós só conseguíamos passar, graças à perícia de nosso motorista Oscar Dias. Depois de 15 horas de viagem chegamos a Redenção. apesar do cansaço, em campo veio a superação e vencemos o jogo por 1 a 0.

De volta a Conceição do Araguaia, o desgaste físico era visível, mesmo assim fomos para o sacrifício contra o Santos Futebol Clube, campeão local. Na época o estádio da cidade chamado “Carecão,” era pura areia. Fator que dificultou mais ainda a nossa resistência e o organismo pedia arrego.

O caso mais sério e até curioso, foi do nosso amigo Rainel Barbosa (hoje político do nosso estado). Devido aos atrasos na viagem as refeições acabavam sendo feitas fora de hora e isso acabou causando alguns distúrbios intestinais.

Durante o jogo contra o Santos, uma partida dura, com muita correria, o nosso grande médio volante fazia uma bela partida. De repente lhe atacou uma senhora dor de barriga. Ele chamou o Dorabel e pediu para sair. O treinador não entendeu, pois ele estava bem no jogo e não era daqueles que gostava de sair. E foi deixando o jogo correr. Quando de repente um chutão do zagueiro botou a bola pra fora do muro. Rainel não perdeu tempo, pulou o muro e foi atrás. Devolveu a bola e ficou por lá. Minutos depois ele retornou aliviado, querendo entrar novamente, só que o técnico já havia colocado outro jogador em seu lugar.

Nós não ganhamos a partida mas o nosso querido amigo entrou para a história como o único jogador que cumpriu o famoso pedido que a torcida sempre faz quando o atleta está mal no jogo.

  • PEDE PRA C* E SAI”

Essa e muitas outras histórias estão guardadas na parede da memória de cada um desses valorosos cidadãos. Que contribuíram para o desenvolvimento do futebol da região, e porque não dizer do Estado do Tocantins.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Um fim de semana especial

Toda cidade no final de cada ano, tem o tradicional "jogo da saudade", aquele em que se reune boleiros de dois times que fizeram sucesso no município. Uma cidade em especial, começou essa brincadeira que acabou virando tradição no Tocantins. Essa história aconteceu na querida Miranorte.

Nas décadas de setenta e oitenta, aqui no então norte goiano, era comum surgir nas cidades times de futebol temporários. Isso se dava devido à falta de instituições educacionais e trabalho na região. Os adolescentes acabavam arrumando as malas e partindo rumo aos grandes centros em busca de estudos e empregos. Um fato interessante é que esses times sempre levavam o nome de grandes clubes do futebol brasileiro. O motivo era simples, os uniformes da época era sempre de alguma equipe consagrada.

Em 1975, na cidade de Miranorte, um grupo de garotos capitaneados por Eurípedes Teles, ganhou um jogo de camisa do tricolor baiano, e alí nascia o “BAHIA DE MIRANORTE”. O elenco inicial era formado com Rosa, Antonio Pamonha, Dorge, Teté, Índio, Josafá, Almeida Eurípedes, Benedito, Elcio e Galo. Mas o grupo foi crescendo a cada dia e muitos outros nomes foram incorporando à equipe, ajudando a elevar o futebol da cidade e da região. Foram muitas competições sob o comendo do professor, Antônio Ubiratã. Viagens históricas, partidas inesquecíveis, tudo num pequeno espaço de tempo de apenas três anos. Pois a garotada cresceu e teve que buscar seus ideais, descortinando novos horizontes.

Em 1978 a equipe começou a se desfazer. Mas a semente ficou plantada e no mesmo ano começou a germinar. A nova geração que cresceu à beira do campo, vendo o Bahia jogar, se preparava para regar a plantinha e dar continuidade as atividades futebolística da cidade. Através de Euclides, nascia o LONDRINA E. CLUBE, que mais tarde sobre o comando do saudoso “viuvinho” passou a se chamar CLUBE DE REGATAS DO FLAMENGO ou simplesmente FLAMENGUINHO. Muitos garotos que começaram ali tiveram projeção dentro do futebol, a exemplo de Joanilson um zagueiro que no Internacional de Porto Alegre, chegou a botar o ídolo paraguaio Gamarra, no banco de reservas e Márcio Goiano lateral direito que jogou no Goiás, Portuguesa e muitos outro clubes. Muita gente contribuiu para o crescimento da equipe como os colaboradores, sargento Calixto e José Orlando. Em 1987 pelos mesmos motivos, os atletas tiveram que alçar voos, e o time acabou.

Mas os velhos boleiros acharam uma maneira de reencontrar os companheiros, criando o jogo da saudade. Como recordar é viver o evento anual não para de crescer. As duas equipes se reúnem para uma partida de futebol bem humorada. O encontro é uma farra só, com todo mundo tentando achar um jeito de tirar um sarro nos velhos amigos. E eles vem de toda parte do Brasil e até da terra do tio san (EUA). No jogo vale tudo, sair e entrar novamente, vale até tomar uma loira gelada na beira do gramado, antes de bater um arremesso lateral. Na disputa tem um troféu, mas o que a galera quer mesmo é curtir a festa, que termina com um grande churrasco regado a muita cerveja.

Nesses encontros os velhinhos como são carinhosamente chamados os atletas do Bahia, tem conseguido sair vencedores. Numa dessas vitórias a presença do troféu enfeitando a mesa acabou emocionando alguns atletas. O folclórico goleiro Rosa, que os amigos com carinho o chamam de “Boca de Egua”, parou em frente ao símbolo da conquista, ajoelhou e começou a chorar. O emotivo Neto Bilau, viu a cena se aproximou e indagou:

  • Boca de Égua, porque tu tá chorando?...

O nosso amigo chorão levantou a cabeça, olhou para um lado e para o outro e constatou:

  • Sabe, que eu nem sei!...

    Aí o companheiro solidário não perdeu tempo:

  • Então eu vou chorar também!...

    E os dois ficaram olhando para o troféu e chorando abraçados.

    O encontro de Bahia e Flamenguinho é hoje a maior festa da cidade, quando chega próximo ao fim do ano, o povo fica ancioso. pois este evento serve para matar a saudade de uma galera que carrega no peito o orgulho de ser Miranortense.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Boleiro Nativo

Para contar as “histórias que eu vivi”, busco os meus amigos de infância como personagens...são fatos ocorridos nos bastidores do dia a dia do esporte, durante três décadas. Mas eu também sou personagem de algumas passagens negras na minha carreira futebolísticas. E não seria justo eu omitir as minhas mancadas. Por isso, vamos partir do princípio.

A minha caminhada esportiva começou em Miranorte, no ano de 1974. meu primeiro campo foi um curral da prefeitura, local usado para prender os animais que transitavam livrementes pelo centro da cidade. Nós usávamos as porteiras como traves e fazíamos os rachões. A bola só saía quando era gol, como o showbol de hoje. Certo dia numa boa pelada, eu fui descoberto pelo professor Antônio Ubiratã. Levado para a equipe juvenil da cidade, veio meu primeiro desafio. Um Jogo de verdade, em um campo de verdade, contra um time de verdade.

    A partida era contra o time de Dois Irmãos, numa preliminar das equipes principais. Na hora de vestir o uniforme surgiu um contra tempo. Eu não tinha chuteiras. Aliás, eu nunca tinha chutado uma bola calçado em alguma coisa. Mas o professor Ubiratã foi logo resolvendo o problema, tirou os tênis, me emprestou e desafiou:

    -Se você marcar dois gols, eu te dou um par de chuteiras!...

    Calcei os tênis que era dois números a mais e fui pro jogo. Vencemos a partida de goleada, seis a zero. Eu marquei o primeiro e o último gol.

Promessa feita e cumprida, na segunda feira eu estava com meu primeiro par de chuteiras nas mãos. Só não sabia o que me aguardava. No final de semana seguinte veio a hora de inaugurar o presente. O jogo foi em Colinas, eu todo empolgado, de chuteiras novas, louco pra entrar em campo. Ainda me lembro que era um campo de areia em frente ao Colégio João XXIII.

Bola em jogo e começou o meu martírio. As chuteiras me deixou “peado”, não conseguia correr, quando a bola chegava eu não conseguia dominá-la e os chutes só pegavam na “orelha”. A coisa estava tão feia que a torcida começou a gritar?

  • Bate nele bola...bate nele bola...

A única jogada que conseguir fazer foi pela direita, onde ganhei do lateral fui à linha de fundo. Mas na hora de cruzar na área, o pé esquerdo tocou primeiro na bola e o chute passou no vazio...uma senhora “furada” acompanhada de um senhor tombo. Ali mesmo sentado tirei as chuteiras, os meiões, joguei pro lado e levantei pra continuar no jogo. Mas o árbitro não permitiu que eu jogasse descalço...resultado, fui sacado do time.

O tempo passou, aprendi a jogar calçado e comecei a me destacar dentro das quatro linhas.

Em 1979 mudei para Miracema, já era conhecido e fui logo convidado para jogar no juvenil do MEC(Miracema Esporte Clube) na equipe chamada de Escolinha Esporte Clube. A minha estreia foi em Porto Nacional, no estádio General Sampaio.(único campo gramado do então, norte goiano) Era um torneio comemorativo à inauguração da ponte sobre o Rio Tocantins. Nós saímos de Miracema na madrugada em cima de um caminhão da prefeitura, pela rodovia onde hoje é a TO-050. Depois de 32 pontes e muita poeira, chegamos à Praça do Centenário. Lavamos o rosto alí mesmo nas torneiras do jardim e seguimos para o local do evento. Festa grande com churrasco público “gente saindo pela culatra”. No meio de tanta agitação e atraído pela beleza da ponte, me afastei do grupo e me perdi. O torneio estava marcado para começar às 14 horas. Já era meio dia e eu ainda procurando a turma. Sem encontrar os companheiros, a solução foi puxar no pé da ponte até o estádio, cerca de 10 quilômetros. Quando cheguei ao campo todo mundo já estava uniformizado. Eu com os pés ardendo e cheios de bolhas, mesmo assim fui pro jogo. Foi um desastre, comecei a correr as bolhas estouraram. Daí em diante não conseguir me achar em campo, ou melhor, parecia que nem tinha entrado nele. "Resumo da ópera", minha estreia foi um fiasco, Para decepção da equipe que contava comigo como grande reforço. Saí no intervalo da partida e o time melhorou. Vencemos o primeiro jogo e empatamos o segundo, ficando com o troféu. Depois do jogo vieram os comentários...O primeiro questionamento me pegou de surpresa. O goleiro e meio dono do time, Beltrão Filho, virou pra mim e perguntou:

  • Elcio...o que aconteceu que você não viu a cor da bola?...

Eu sem ter o que responder fui logo botando a culpa em alguém.

  • Sei lá,...acho que foi o gramado, eu só sei jogar em campo de terra!...

As gozações duraram anos...e de vez em quando alguém ainda tira um sarrinho do tipo:

  • Elcio,...você já aprendeu a jogar em campo gramado?...

Mas isso é o simbolo da amizade que o grupo tinha e que ficou para sempre.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Salve-se quem puder...


Cidades vizinhas sempre cultivam uma tradicional rivalidade, principalmente no esporte. Neste assunto, na década de oitenta, Miracema e Miranorte eram como cão e gato. Cada encontro terminava em mordidas e arranhões. Esta história seria cômica se não fosse drástica...Mas como dizia o poeta, "entre mortos e feridos salvaram-se todos"...


Naquele tempo a maior diversão nos finais de semana eram as competições esportivas. Os torneios regionais eram frequentes em várias modalidades, mas o carro chefe sempre foi o velho e bom futebol de campo.

Em um desses torneios o clássico “Mira-Mira” (Miracema x Miranorte), aconteceu na fase semifinal. A primeira partida foi no Estádio Castanheirão em Miracema. Um jogo para nunca ser esquecido, afinal nesses encontros os jogadores literalmente “davam o sangue” pela a equipe. Para confirmar a frase e manter a tradição, quase no fim da partida a confusão foi formada. Briga geral em campo e no meio do tumulto o atleta de Miranorte Cândido (hoje presidente de clube na Capital Tocantinense) levou a pior, saiu com um senhor corte no supercílio. O atacante do Miracema, Rosacild, foi o autor da façanha, mas eu que estava no meio da "muvuca", na turma do deixa disso, levei a culpa. Fator que me impediu de participar do jogo de volta.

No segundo encontro em Miranorte foi uma verdadeira guerra, toda a cidade se preparou para bater nos jogadores de Miracema. A segurança era pouca não dava para controlar a fúria da torcida. Assim, quando o time chegou em cima do tradicional caminhão da prefeitura, foi cercado pela multidão. O primeiro a descer foi o lateral esquerdo Sávio e foi logo levando um pescoção. Com muita conversa e ajuda de alguns desportistas locais os ânimos se acalmaram.

A bola rolou para noventa minutos de muita catimba e ameaças dentro de campo. O resultado do jogo provocou uma decisão por pênaltis, para desespero geral de nossa equipe. Na época o campo era de terra, sem alambrado, a torcida invadiu e formou um cone perto da área, para ver as cobranças. A disputa começou e cada atleta nosso, batia o pênalti e corria para cima do caminhão. A última cobrança, da série, empataria a partida e provocaria cobranças alternadas. O responsável pela tarefa era o Rosacild, o mesmo que havia nocauteado o nosso amigo Cândido no jogo de ida. Quando ele pegou a bola a torcida começou a cantar em coro.

-“Se fizer vai apanhar...se fizer vai apanhar...se fizer vai apanhar...

Nosso atleta se preparou, tomou muita distância, correu e mandou uma bomba que passou a quase cinco metros a cima da trave...Festa para a torcida e pro time local que se classificou para a final do torneio...O nosso atleta também saiu contente, pois perdeu a classificação mas salvou a pele. Já de volta para Miracema em meio aos comentários sobre a partida, o técnico Dorabel de Souza perguntou”.

- Rosacild o que aconteceu ali, na hora do pênalti?

A explicação veio imediata...

- Dorabel... eu nunca tinha visto tanta gente mal encarada olhando pra mim, com tanto ódio!... Será que eu sou tão feio assim?...

Essa rivalidade durou muito tempo...Os jogos estudantis era como se fosse encontros marcados a cada ano. Só que os combates se limitaram apenas aos resultados limpos conquistados dentro das quatro linhas. Para felicidade geral da nação desportista...